dezembro 31, 2015

E 2016 Vem aí...



Bem-vindo 2016! 


Que nossa energia possa ser renovada. O rito de passagem do ano sempre me emocionou e me intrigou. Um único dia finaliza um ano e depositamos neste as esperanças para um próximo ano. Como se fechássemos uma porta e abríssemos outra. 

Seria bom se realmente fizéssemos isso, não? Se realmente todas as nossas reflexões no ano velho servissem de aprendizado e carregássemos apenas uma mala com coisas boas para o ano novo. Assim poderíamos deixar no ano velho as mágoas, as brigas, os dias ruins, as tristezas e sofrimentos. Não pensaríamos, nem lembraríamos de nenhum desses acontecimentos. Deixaríamos na memória apenas os abraços mais longos, as palavras de amor, os olhares de sinceridade e os sorrisos de compaixão. 

Poderíamos ser como computadores. A passagem de ano funcionaria como um "reset". Mas sem apagar o bom, claro! Ah seria perfeito! Só teria um problema! Quem decide o que é bom ou ruim? Nós? Com essa visão a curto prazo, com medo do sofrimento e com a instabilidade emocional? Pensando bem... Acho que melhor deixarmos como está. 

De qualquer forma faz bem fazer aquela listinha de coisas que mudarei em 2016, mesmo sabendo que terminarei mais um ano sem cumprir metade dela. Faz bem renovar as esperanças, porque amanhã sempre será melhor que hoje. Não é mesmo? 

Agora não é nem questão de pensar, é uma questão lógica mesmo. O amanhã é o hoje! Se não fizermos hoje, não existirá o amanhã. Tenhamos esperança sim, no hoje. Agindo já para curtir o amanhã.

Um pouco confuso, mas traz cada um de nós no momento presente. Hoje curto a Ásia, com tudo que ela me apresenta de bom ou ruim. Vamos curtir o que o universo pode nos presentear, jogando com as cartas que se tem nas mãos, mas nunca deixando de agir, pois a vida é um grande conjunto de movimentos. 

Feliz 2016! 


Chegaremos primeiro no ano novo!

Que o próximo ano traga muitos destinos...

muito amor e compaixão!

O Ano do Macaco está chegando!



dezembro 24, 2015

O valor do Natal


 "Quando se está longe se sente falta dos odores, aromas e sabores."


É preciso perder para dar valor! O ser humano é tão ignorante que esta frase se torna verdadeira. Eu diria: é preciso aprender a dar valor. Lógico, que enquanto se tem. Mas o fato de não ter algo ou alguém, faz você sentir falta de coisas que nunca imaginou um dia sentir. Coisas bobas, corriqueiras, que passam completamente despercebidas aos nossos olhos. Outras são motivos de nossa aversão. E quando não temos... Até a aversão passa a ter um valor que não se imagina. 

O natal inflama ainda mais esse estado de "não ter" para um "expatriado". Tudo começa a fazer falta e é hora de arregaçar as mangas e mudar as cognições. 

Então nesta noite feliz, vão algumas mensagens que gostaria de deixar para você que está aí na nossa terrinha. 

Mude suas percepções em relação ao mundo, em relação a você mesma, em relação a sua família. 

Natal é época de união familiar e com isso vem muita briga, disputa e confusão. Abstraia tudo e olhe sob outra lente. 

Sabe aquela prima, que sempre tenta te colocar para baixo com perguntas do porque ainda não casou ou quando terá  filhos? Abrace-a. Lembre-se dos bons momentos juntas que tiveram na infância. 

Sabe aquela tia, que enche seu prato de comida cada vez que esvazia e não para de falar que engordou esse último ano? Abrace-a. Ela só está querendo cuidar de você de uma maneira diferente. 

Sabe aquela parte da família que você parou de falar há muito tempo? Não importa se tiveram ou não motivos. Ligue, reaproxime-se. Sim! Eles são da família sim. E não, definitivamente, não é melhor ficar sozinho. Com certeza o gosto do perdão irá adoçar sua mágoa. 

Sabe o marido da prima distante que tem as piadinhas mais sem graças. Dê risada. Não te fará mal algum. Cara feia traz rugas; sorriso fortalece a musculatura do rosto.

Sabe a criançada que faz barulho e te deixa com vontade de sair correndo? Que tal organizar alguma brincadeira com elas e ser -- por um natal -- a tia legal! Nada melhor que a sinceridade no sorriso de uma criança para amolecer seu coração. 

Sabe aquele presente que te faz furiosa em recebê-lo, pois acha que estão querendo dizer alguma coisa nas entrelinhas, como: está gorda, magra, velha, fedida, e por aí vai? Quando não receber nenhum, até dele sentirá falta; acredite! 

Quando se está longe se sente falta dos odores, aromas e sabores. 


Decoração na manicure.

Lembro-me dos natais da avó Mariinha. A preparação começava um mês antes. Decorava a casa, comprava inúmeros presentes para cada um. Sempre ganhava um brinquedo, uma roupa ou acessório, dinheiro em um envelope e uma peça para o enxoval. Adorava comprar coisas que um dia usaria na minha casa. E hoje, ela está permeando toda minha casa.

Mas o que mais lembro e tenho saudades são das músicas de natal que começavam no café da manhã do dia 24 e atravessavam o dia. O cheiro do leitão a pururuca, que infestava a casa. Ah!  Quantos natais eu dei escândalo porque meu tio matava os bichinhos e vinha trazer. Teve até enterro no quintal da vovó. (A família queria me matar por passar o ano sem o famoso leitão). Ah! Que saudades das roscas doces que fazia e entregava na vizinhança como presente. Do Papai Noel tocando o sino. Dona Mariinha jamais deixaria passar um natal sem a visita do bom velhinho. Como esperávamos ansiosas pela chegada do dia 25 de dezembro. 

Dona Mariinha se foi, mas o natal que ensinou ficou dentro de cada um de nós.Aqui, tão distante, sinto falta da casa cheia de pessoas em que poderia "brigar", mas voltar amar, após cinco minutos. Do café da manhã com mesa farta e todos reunidos. Do cheirinho de pão quentinho da mamãe. Do perfume do abraço carinhoso e do colinho da vovó Margô. Sinto falta até do show do Roberto Carlos. Parece bobo, mas uma dessas músicas me faria desabar por aqui. 

Neste natal, faça diferente. 

Se alguém começar uma briga, lembre que um dia não estarão mais reunidos e isso fará muita falta. Se seu tio beber e contar os velhos "causos", escute. Sentirá saudades dessas histórias antigas. Se o primo quiser cantar, cante com ele. Sempre que ouvir essas músicas, se recordará desse momento feliz. Se sua avó falar mil vezes a mesma coisa em um espaço de 10 minutos. Tenha toda paciência do mundo. Ela estava ao seu lado quando você aprendeu a falar. E aquele momento em que seus pais chamarem sua atenção na frente de todos. Não fale nada. Para eles você é uma eterna criança. 

                                 Tenha um Feliz Natal!

Decoração na Starhill Gallery.

Decoração no Suria KLCC.





dezembro 21, 2015

A saga do panetone



"Natal de expatriado é assim: cardápio com gosto de casa."


Natal não é natal sem um panetone. Como ficarei sem meu pão predileto nessa época do ano. De jeito nenhum. Nem que tenha que importar! Assim começou a caça do panetone pelos supermercados de KL. 

Não demorei muito para encontrar mas não imaginava que poderia custar mais de 100 reais. Isso mesmo! Aquela mesma caixa! A tradicional caixa estava mais de 100 contos. Variedade não faltava, sendo que todos vinham direto da Itália, mas o preço era de arrepiar. E assim a saga continuou.

Ao fazer a lista do que um natal deve ter, fiquei assustada, pois onde encontraria essas coisas em um país islâmico? Nem falo das carnes, pois teremos um natal vegetariano. Disso não abri mão. E provavelmente não alcoólico também. Não por ser contra bebida, mas por ser contra ao valor delas aqui. 

_ Encontrei! Panetone italiano com bom preço. Era aquele bem pequenino. Não era tão barato, mas cabia no bolso, o orçamento e o panetone! 

Após semanas em achando que esse natal seria de vacas magras, me deparei com duas marcas italianas com bom custo beneficio. Não é nenhum Bauducco, mas está valendo! 

E as outras coisas encontrei tudo! Uma aqui e outra ali. Natal de expatriado é assim: cardápio com gosto de casa. Tudo na nossa mesa lembrará o que alguma mãe fazia. 

_ Arroz natalino da Dona Laine.
_ Rabanada da Dona Vera.
_ Pudim de leite da Dona Lúcia. 

E para abrasileirar ainda mais teremos farofa! Sobrou um pouquinho na casa de uma amiga brasileira e ela guardou especialmente para nossa data. Assim, todos podem provar sentindo que estão perto da família. Pelo menos no paladar estaremos. 

Será nosso natal acolhedor. Unindo todos expatriados solitários em busca de uma noite calorosa. E uma coisa podemos garantir: será uma festa de comilança com sabor de Brasil, França, Malásia, Irã e China.

Panetone de ouro?

Convertendo, apenas R$ 100!

Família malaia inteira para foto de natal.
Atenção na menininha que está no colo. 

Vista da árvore das Petronas.

Pavilion decorado. 

Aqui tem rua decorada também, só vi essa mas está valendo! 

dezembro 15, 2015

Sinal Verde: Pare!



"Quando se chega você recebe proteção intensificada. Igual gato: ganhamos 7 vidas para usar no trânsito local."


Sinal vermelho: pare; sinal amarelo: atenção; sinal verde: ande.

Aqui não! Seja qual for a cor: pare e tenha atenção! Se você não seguir o conselho pode ser atropelado ou se envolver em algum tipo de acidente. Não diria que o trânsito é caótico, mas sim bem peculiar.

Diferente de alguns países asiáticos, aqui a buzina não é frequentemente usada, mas a tranquilidade sonora não reflete um tráfego civilizado. Tenho a ligeira impressão que as leis de trânsito estão mais para sugestão do que leis propriamente ditas. Os motoristas fazem o que querem, ou seja:

Não quer esperar o sinal verde? Não tem problema, passe assim mesmo.

A fila está muito grande para acessar uma via? Que tal cortar todos e entrar lá na frente?
Esta com pressa? Acelera, o quanto quiser, sempre terá uma lamborghini mais rápida que você.

Algumas coisas que julgaríamos como atrocidades em nosso país, por aqui são normais. O mais interessante é que como todo mundo não respeita as "tais leis", parece que novas regras nasceram e o trânsito flui com uma "certa" harmonia, pois ninguém briga, ninguém buzina e ninguém se sente ofendido.

Ou você entra no jogo ou será o único estressado no local. Confesso que amei essa anarquia equilibrada. O que seria tensão, virou diversão!

E a brincadeira começa  ao entrar no carro para guiar: mão inglesa. Ops! Ainda bem que é automático. Imagine trocar marcha com a mão esquerda? Quando tem carro na rua, tranquilo, você sabe a direção correta, mas quando não tem... peguei várias contramãos e só me dei conta quando vi a placa ou o grito no banco do passageiro.

_ Você está na faixa de moto! Agora vai rápido!

Além de tudo, você tem as faixas para motos. São iguais as nossas. Algumas vezes são pistas separadas com canteiros, apenas para elas.

_ Não tinha ninguém e nem placa, o Waze mandou virar e entrei de gaiata. Chorando de tanto rir, tive que bater em uns cones para sair na interligação com a pista de auto.

Você já ouviu a frase: quem dirige em São Paulo, dirige em qualquer lugar do mundo... até chegar em Kuala Lumpur. Se falavam isso de Sampa pelas inúmeras vias, aqui a brincadeira vira profissional. Se até o Waze se perde, imagine eu! SP tem cebolão e KL tem um hortifrúti inteiro.

Você tem que desbravar os mil caminhos que o Waze te mostra ao mesmo tempo. Nunca sabe se está indicando por cima ou por baixo de um viaduto. Acredite, todos os bairros, mesmo os mais afastados têm incontáveis vias, uma sobre a outra. Isso sem falar das saídas. Em menos de 300 metros são 5 diferentes bifurcações e é lógico que irá se perder.

Pista exclusiva de moto. Essa era fácil de saber,
mas nem todas são assim.

Embaixo uma avenida.
Em cima uma via expressa com 6 faixas para cada sentido.

Além das ruas normais existem as vias expressas ao redor da cidade e centenas de viadutos. Facilita o fluxo, mas “embanana” o cérebro. As vias têm 5 ou 6 faixas e tem saídas para todos os lados. Você entra em uma, ela vira duas, depois três, vira um perfeito labirinto. Caso venha a perder uma o preço a pagar muitas vezes é bem alto: 30 a 40 minutos de atraso para chegar ao ponto de destino.

Achou parecido com nossa grande capital paulista? Acredite, ainda não entendemos como funciona o trânsito e roteiros locais. Cada vez que saímos de casa o Waze aponta para um caminho diferente para chegar ao mesmo lugar. Guiar sem GPS, esquece! Até os taxistas usam.

Outra aventura é ser pedestre, já que os carros não param. O maior sempre tem preferência! Mesmo com o sinal fechado, tem que ficar esperto pois encontrará um carro avançando. E as ruas que não têm sinal. Quando vai passar, olhe e corra! Os motoristas não desaceleram. Muitas vezes tem que dar uma de policial e fazer "pare" com a mão para conseguir atravessar longas vias. O coração quase sai pela boca. Acredito que aqui temos mais proteção.

Bêbado e criança têm anjo da guarda de prontidão. Quando se chega ao mundo você recebe proteção intensificada. Igual gato: ganhamos 7 vidas para as usar no trânsito local.

Chega a ser engraçado as inúmeras histórias, parece carrinho de bate-bate. Quando vejo batida são sempre vários carros, nunca dois. Também é comum você encontrar os indecisos, sai ou não sai e fica com o carro em “zig zag”. Algumas vezes não se decidem e entram no canteiro central, levando os cones e parando com as rodas no ar.

E para garantir a diversão, o visual dos autos são incríveis! Eles amam customizar o próprio modelo, seja colando adesivo -- pelo carro todo --  com uma pintura inusitada ou dividindo o carro em seções -- teto fosco, portas com adesivo e capô colorido. Sem contar as rodas e acessórios. Adoro encontrar os criativos pelo caminho. Ainda tem os que decoram dentro, revestindo bancos e criando um arsenal de enfeites cobrindo o painel.

Mas por incrível que pareça, dirigir aqui faz bem ao coração. Além do anjo da guarda, que é sempre seu carona, com tanta peculiaridade você distrai a mente com boas risadas.

E se quase perdeu a saída, não se estresse, atravesse as cinco faixas e se jogue na frente de outro, pois acredite! Ninguém ficará bravo! 

Sinal Azul? Serve para quê?

Passarela de moto. E é coberta. Vai entender...

Não coube ou não sabe fazer baliza? Tranquilo!
Normal parar assim. Não pega nada e nem dá multa.

Esse resolveu cromar o carro todo. Processo proibido no
mundo por ser prejudicial ao meio ambiente.

Esse outro customizou bem.

Mas nada ganha desse! Olha o que fez com a "lamborghini".
Vontade de chorar!

dezembro 11, 2015

Cingapura - Ponto fora da curva



"A beleza de Cingapura é de cair o queixo e deixar esses narizinhos torcidos de ciúmes mesmo."


Ah Cingapura! A linda Cingapura! Muito quente, extremamente úmida, limpa, absurdamente segura, planejada e funcional. São algumas palavras que traduzem bem o país.

Algumas pessoas torcem o nariz quando ouvem o nome da cidade, principalmente aqui onde moro. Entendi logo de cara. A beleza de Cingapura é de cair o queixo, de deixar esses narizinhos torcidos de ciúmes mesmo.

A população tem orgulho de ser cingapurano. Quando pergunta:

_ Você é chines?

_ Não! Enfatizam logo. Sou cingapurano. E olha que os chineses são bem bairristas ao falar de seu povo. Mas os "chinas" que ali chegaram e ficaram, de nacionalidade mudaram. Assim nasceu uma nova geração cingapurana, por favor!

Imagina se no Brasil fosse assim também? Seria incrível. Teríamos mais orgulho em ser brasileiros do que descendentes de europeus. Não posso dizer nada, pois sou a primeira a lembrar da minha família italiana. Feio! Mas a Ásia está me abrasileirando. Aos poucos chegarei a ser uma perfeita nativa quando voltar à terra do povo gentil.

O país tem varias línguas nacionais, entre elas: inglês, chinês e tamil. Você encontra todos esses alfabetos em placas por onde passa. O inglês é impecável com sotaque compreensível.

_ As crianças são alfabetizadas em inglês. Outra língua só se fala em casa, explica um amigo cingapurano.

Uma amizade que começou na Europa e atravessou oceanos. Hoje somos nós nos costumes deles.

Casal querido que apresenta o melhor do "life style" oriental.

_ Porque você não muda para cá? Perguntou.

Fiquei empolgada, mas o custo de vida é um dos mais caros do mundo. Comprar um imóvel é mais caro que em New York.

Hotel Marina Bay Sands, com a piscina mais alta do mundo.

Clarke Quay, bairro boêmio. 

Vista do centro executivo da cidade. 

Tudo escrito em três idiomas: chinês, inglês e tamil.

Em compensação, a segurança é surreal. Se tem cinco crimes ao ano é muito. Verdade! As leis são muito rígidas. Mesmo com governo laico, a constituição é meio que "olho por olho, dente por dente". Por todos os lugares que se passa têm câmeras. A cidade inteira é vigiada 24 horas. Quando li sobre isso, senti-me sem liberdade, sufocada. Mas ao viver, nem se percebe. Acredite: terá mais liberdade que em São Paulo.

_ Cuidado com sua bolsa! Eles passam com a moto e pegam bolsa e celular se você não estiver atenta. Aconteceu comigo. Alertou uma amiga.

Falo de São Paulo? Parece, mas dessa vez não. Falo de Cingapura? Não, não. Falo de Kuala Lumpur mesmo.

Alguns bairros em KL têm até placa avisando que isso pode acontecer. Inacreditável, ter uma placa falando que naquelas ruas os famosos "trombadinhas" trabalham. Mas mesmo aqui os crimes são poucos e esses são os mais comentados. Também na terra de Alá não se brinca. As leis são da época da escrita do alcorão, mas isso dará outro texto.

Os cingapuranos acham que qualquer lugar fora de Cingapura é perigoso. Acho engraçado quando eles comentam. Malásia? Muito perigoso. Mal sabem eles como é o  mundo aí fora.

Cingapura realmente é um ponto fora da curva. As construções são gigantescas. Tenho impressão que na Ásia todos gostam de disputar quem faz o maior prédio, a maior ponte e por aí vai.... Uma competição sem-fim.

E em meio a tanta construção, você encontra um oásis verde chamado “Gardens by the Bay”, com estufas de plantas do planeta inteiro. Incrível! E as “Supertrees”? De babar! São árvores gigantes eco sustentáveis. Responsáveis pela captura de água da chuva para irrigar o parque. A energia solar acumulada no dia gera energia para os shows de luzes da noite e ainda transformam a poluição e “haze” (fumaça que vem das queimadas da ilha de Sumatra), muito comum na cidade, em adubo para as plantas. Palmas para o projeto! Maravilhoso!

Maravilhosa também foi a sensação de subir e andar na passarela. Não recomendo para quem tem medo de altura. Nunca tive problema. Sempre gostei. Mas no meio da passarela travei! Minhas pernas bambearam! A passarela se mexia. É presa apenas por cabos. Foi um suador atravessar vendo o chão tão longe. A vista panorâmica é de babar e a perninha a balançar.

Preferi o restaurante e o bar que ficam no topo da árvore mais alta. Segurança, aquela que só Cingapura proporciona para você e uma bebidinha para relaxar.

Supertree Dining - bar no top da Supertree mais alta. 

Passarela entre as Supertrees.

Show de luzes que acontece toda noite.

Cascata na entrada da estufa de plantas.
Dentro do Garden by the Bay.

Esse coração é a passarela dentro da estufa.

Vista do top do hotel Marian Bay Sands.
Esse braco é o famoso haze.

Chegadinha na Universal Studios de Cingapura. 



dezembro 08, 2015

É Dia de Feira...



"É o literal comer com os olhos... comprei pepino achando que era abobrinha."


Dia de feira. Conseguem imaginar a felicidade de uma pessoa chegando à feira? Sim, antes que perguntem, encontrei uma feira bem parecida com as nossas brasileiras. Nem acreditei! Fui com expectativa baixa, um pouco desconfiada e acabei amando o lugar.

Bairro residencial, com centro comercial lotado de bares e restaurantes. Assim é Bangsar, o local cool de KL. E foi na peculiaridade desse reduto que encontrei a tão aclamada feira.

Primeira diferença é o horário. Não começa de manhã cedo e sim de tarde. Após as 15h todo domingo. Enfrentar o calor acumulado o dia todo -- mesmo nos nublados -- é para poucos. Asfalto e barracas cobertas com toldos de plástico são perfeitas estufas. Mas a vontade de encontrar produtos frescos fala mais alto. Segunda diferença: nada tem preço ou placa com o nome. Se no supermercado já era difícil de entender imagine aqui. Até as amigas experientes em identificar as verduras tiveram problemas. Velha tática: compre o bonito e o conhecido.

Comprei pepino achando que era abobrinha. Nem sempre o conhecido é realmente conhecido. Por fora era uma perfeita abobrinha, mas tinha gosto de pepino e era pepino. Nunca vi tantos tipos de pepinos em um só lugar. Grande, pequeno, japonês, fino, espinhudo, enrugado, amarelo, verde, rajado... Na culinária local, tudo vai pepino.

E nada de achar a abobrinha....

Muitos tipos de pepinos.

Igual as nossas do Brasil.

Garapa e água de coco.

Logo na entrada, da feira, fiquei surpresa ao ver uma barraca vendendo coco e garapa. Parecia o Brasil, mas não tinha a do pastel. Fica a dica para quem procura algum investimento e ocupação. Acho que o povo amaria pastel por aqui. Estranho não ter, já que quase os proprietários de pastelaria nas feiras no Brasil são orientais. Mas já montei até um cardápio que funcionaria na Malásia: pastel de durian, de coco, de frango com muita pimenta, de peixe com tempero japonês, de legumes com curry e por ai vai...

Para quem não entendeu a combinação do paladar local, vamos à explicação.
Esses são alguns dos chamados "deligths" asiático ou como gostam de dizer, "heritage" (herança da culinária).

Durian é uma fruta da região da Malásia, Brunei e Indonésia. Semelhante à jaca com odor mil vezes pior. Existe até lei local que proíbe comer ou transportar a fedorenta em locais públicos. Mas a população ama e lambe os dedos. Ficaram curiosos para saber o cheiro?

Outro dia em casa (juro que não é lenda urbana) senti um cheiro de chulé muito forte. Procurei tênis ou meia que estaria nessa condição. Nada! Também verifiquei os lixos, tamanho era o aroma de putrefação. Nada! Sai na porta e descobri que era o querido vizinho, apreciador da durian.

Kaya é um tipo de doce de coco que comem com manteiga no pão. Muitos pratos levam coco, lembra o nordeste brasileiro.

Frango, peixe e frutos do mar são "os beefs" do asiático, já que carne bovina é apenas importada, muito cara e a suína não é permitida pela religião.

Pimenta é usada em absolutamente tudo. Se você esquece de pedir sem, ficará com a boca adormecida.

E por fim o curry, já que tem muito indiano. Tem curry por todo lado. Por que não em um pastel?

Também tem as famosas barracas vende tudo, calcinha, sutiã e algumas "quinquilharias"; as especializadas em frutas, verduras e legumes e as de fruto do mar. Tinha uma interessantíssima: de cabeça de peixe. Tinha mais cabeça que carne. Prato bem típico no Oriente.

Mas o que mais estranhei foi comprar nas escuras. Você pega uma cesta, coloca tudo dentro e entrega. O comerciante pesa e fala o preço total da compra. Se você quer saber se o quiabo ou o brócolis estão com um preço bom... Hummm, terá que arriscar uma conversa com o vendedor que está sempre correndo e fazendo as contas... Se conseguir que um dê atenção, reze para entender ou se fazer entender. Melhor comprar de olhos fechados mesmo. A mercadoria é boa e fresquinha. No fim sai mais barato e saudável que no supermercado.

_ Olha o abacate; Durian Duarian; banana fresquinha; a couve abaixou!

Isso você não escuta na feira de domingo, nem as famosas frases: "mulher bonita não paga, mas também não leva", "banana a preço de banana" . Um sossego para os ouvidos, mas fica com água na boca. Provar, por aqui não acontece. Aquela linda fruta que parece doce, você só saberá ao chegar em casa. É o literal “comer com os olhos e ficar com água na boca”.

Contabilidade da feira: um carrinho cheio + uma sacola lotada! Hora de ir embora esquentar a barriga no fogão e mostrar os dotes culinários!

Tudo fresquinho.

Se precisar de um véu... pode comprar na feira.

Mais pepino, sempre pepino.

Abacaxi thai. Pequeno, caro e delicioso.

Malacia fazendo compra.

Joga tudo na cesta e paga. 




dezembro 04, 2015

Natal na terra de Alá




"O mundo... precisa aprender que já não existem fronteiras, sejam elas de países, raças ou religiões." 


Achei que seria o primeiro natal sem natal, ou pelo menos sem cara de festas de fim de ano. Estava completamente enganada. Para aliviar a saudade da família, nesta data onde todos estarão reunidos, decidi convidar amigos na mesma situação para brindar na minha casa. Todos amaram a ideia e começamos os preparativos.
Em país islâmico a última coisa que você pensaria em ver seriam imagens cristãs ou referências às festas. Foi quando minha ficha caiu! O Natal está muito a cima das barreiras religiosas. É uma data que encanta a todos. E eles nem sabem o por quê. 

_ we wish you a merry christmas, we wish you a merry christmas and a happy new year... Ouvi uma menininha cantando. 
Quando olhei eram crianças malaias correndo pela loja olhando os enfeites. 

Sim, o Natal vai além das fronteiras e isso me emocionou. Estamos acostumados com a diversidade em nosso país, mas não estava acostumada com a diversidade daqui. Pessoas que nascem, crescem e morrem dentro dos mesmos preceitos religiosos, tendo um amigo diferente aqui, outro ali. Mas o que predomina são grupos fechados. Parecem turmas de adolescentes, ou clãs, que não se permeiam. E ver essas pessoas se abrindo nesse momento me deixou curiosa. Fui a campo entender mais o que acontecia. 

Entrada do shopping mais ocidental de KL: Pavilion.

Decoração com bonecos que dançam e brinquedos
interativos para criançada.


_ Não comemoro o natal, não sou cristã. Disse uma chinesa malacia. 
Mas estava cheia de sacolas nas mãos. Quando perguntei se tinha feito compra, disse: são presentes! 

De natal? Segurei a pergunta e comecei a rir. 

Ouvi que alguns aproveitam o ano novo para trocar presentes, como no natal! Ah! E ainda enfeitam as casas. Sim! Como no natal! Com árvores, enfeites, tudo! Mas para comemorar o dia de ano novo. Engraçadíssimo.  

Outra amiga japonesa também disse: _ Não comemoro não! 
Mas veio mostrar guardanapos vermelhos que tinha comprado para a ceia. Ceia? De Natal? Mas não comemora. Meio sem graça ela fala baixinho: 
_ Mas meu condomínio comemora e vou à festa.
Ah! Agora entendi! Ninguém admite e comemora na sua própria casa, mas se tiver uma festa rolando por aí... 

Realmente os enfeites encantam e para mim é um momento mágico poder olhar os malaios disputando uma foto com o Papai Noel. 

Os olhos das crianças brilham ao ver o bom velhinho, o soldadinho de chumbo e o trem que montaram no meio do shopping. Como não brilharia? Enquanto isso a banda de saxofonistas exala harmonia e... Vou chorar! A garganta dá um nó nessa época do ano e as lágrimas parecem que vão rolar. Mas seguro ao ver uma senhora na cadeira de rodas encantada com a árvore cheia de cristais, enquanto sua família a prepara para mais uma foto. 

É! A magia do Natal está por toda parte. Mesmo não sabendo, escondendo-se atrás de presentes, comércio desenfreado lá está Ela. A gota original do que representa o natal: momento de paz, união e compaixão ao próximo. E mesmo sem saber, todos experimentam a comunhão. 

E assim será nosso natal: com preceitos verdadeiros! Não estaremos reunidos apenas porque a tradição manda. Estaremos reunindo diversidades culturais e religiosas em uma mesma mesa para compartilhar da alegria e da magia de amar o próximo. 

A lição de compaixão é a mais difícil: amar o outro como a si mesmo. Aprender a respeitá-lo e aceitá-lo assim como ele é! 

Hoje o mundo está precisando de paz. Precisa aprender que já não existem fronteiras, sejam elas de países, raças ou religiões. 

Para mudar o mundo precisamos mudar a nós mesmos e a nossa casa. Nada melhor que o natal. Uma data desafiadora e linda para começarmos a verdadeira mudança! 
E aí, você encara? 

Fiquei emocionada com essa senhora fofa.

Famílias: chinesa e malaia disputam espaço para
foto com o bom velhinho.

Menina muçulmana faz selfie natalino.